Foi assinado um memorando de entendimento entre o Banco Central do Brasil e o Banco Central da China para facilitar as transações comerciais entre os dois países em yuan e reais, sem a necessidade de intermediação do dólar, resultando em maior rapidez e redução de custos.

De acordo com o acordo, o Banco Central da China designará uma instituição autorizada a operar em câmbio no Brasil para atuar como um “offshore clearing bank no Brasil”. Esse acordo de pagamento tem o potencial de aumentar a liquidez local de yuan, manter reservas cambiais em moeda forte no país, reduzir intermediários nos pagamentos internacionais e aproximar o sistema de pagamentos local ao chinês, aumentando a eficiência operacional em termos de redução de custo e tempo.

Para esclarecer ainda mais os impactos gerados a partir desse acordo, o Meio & Negócio conversou com Haryne Campos, especialista em câmbio na WIT Exchange.

Confira:

Qual a diferença entre a negociação ser em dólar ou em Yuan?

A transação direta para Yuan reduz os custos nas transações financeiras, uma vez que não precisamos converter a moeda duas vezes, ou seja, de real para dólar e de dólar para yuan e vice-versa. Outra vantagem para a China é diminuir a dependência do dólar reduzindo a influência política e econômica dos Estados Unidos.

Qual impacto para o brasileiro?

Por conta da redução de custos nas operações de câmbio entre Brasil e China, espera-se um aumento nas importações e exportações.

Desde 2009, a China é a maior parceira comercial do Brasil; em 2022 o volume das transações foi correspondente a USD 150 bilhões e, com a possibilidade de pagamento direto, espera-se que essa relação comercial se fortaleça ainda mais.

Quais são os benefícios?

Os benefícios principais são: aumento da liquidez da moeda chinesa no Brasil, a redução de intermediários nos pagamentos internacionais possibilitando redução de custos nas operações de câmbio, fortalecimento do relacionamento comercial entre Brasil e China e aumento do poder de barganha do Brasil com relação a China e Estados Unidos. Ponto importante é que os bancos brasileiros precisarão aumentar as opções de canais bancários para permitir o recebimento em YUAN, dado que no dia a dia sempre foi permitido a paridade de USD para YUAN.

As operações estarão subordinadas à nova lei cambial, às regulações infralegais pertinentes e às normas jurídicas referentes à autorização, regulação, supervisão e sancionamento de eventuais modelos de negócio a serem desenvolvidos ou incrementados após a celebração do memorando de entendimento.

Embora a China seja o maior parceiro comercial do Brasil há 13 anos, as vendas para o país são principalmente de commodities, enquanto o país asiático exporta produtos de maior valor agregado para o Brasil. O novo sistema busca diminuir essa distância e aumentar a possibilidade de exportação de mercadorias de alto valor agregado da China para o Brasil e vice-versa.

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